Saindo de Iquique o seguimos no rumo de Arica, extremo norte do Chile, já na fronteira com o Peru. A esta altura já
nos sentíamos parte do deserto e nos acostumamos a secura e a paisagem inóspita
deste ecossistema.
Tínhamos feito contato com a Escuela de Surf Akua, fundada pela Renée, uma
brasileira casada com um chileno que mora em Arica há 28 anos. Este contato
surgiu através da Give Surf, uma organização chilena que apoia instituições que
realizam ações sociais ligadas ao surf.
Ao conhecer a René nos sentimos super familiarizadas com a sua energia.
Uma mulher inspiradora, mãe de três filhos biológicos e mais uma trupe de
crianças e jovens que aprende a surfar na Escuela Akua. Além das crianças que
vão passar o verão em Arica e fazem aulas na escola, também são atendidas
durante todo o ano crianças de orfanatos e lares sociais da cidade. O mais legal é que muitas destas crianças
cresceram surfando ali e hoje são instrutores de surf da escola!
Nos sentimos em casa e super honradas de realizar as oficinas com esta
turma! Rolou aula de surfe, slack line,
mandala de meditação sonora, construção
de um jardim ecológico em pneus, pintura de placas de conscientização para a
praia e uma atividade de foto montagem que foi demais! No final do dia todos
felizes e exaustos ainda montamos um cinekombi na beira da praia para assistir
ao filem chileno “El mar mi alma”. Foi muito especial e recompensador estar em contato
com esta galera, sentimos muito envolvimento e principalmente força coletiva!
Toda esta energia nos fez ficar mais tempo em Arica. Nos instalamos na
casa da Renée por alguns dias, que nos recebeu junto a toda sua família linda,
no Vale de Azapa, um Oásis no deserto,
aonde existem muitas plantações e agricultura familiar que abastece os mercados
da cidade. Ali encontramos sossego para
trabalhar um pouco na edição das imagens, a Kombica recebeu um belo trato na oficina do David, marido da René:
Conseguimos até curtir o Carnaval Andino, um evento que reúne várias comunidades indígenas em uma festa típica de Carnaval de rua. Foi maravilhoso ver as cores da América Latina reunidas na praça de Arica e poder ouvir as músicas e histórias dos grupos que se reúnem a cada ano para saudar sua ancestralidade com tanta alegria!
Arica também nos presenteou com boas ondas para todos os gostos. A tranquila “Puntilla”, com uma onda extensa e muito boa para surfar de longboard e SUP e o místico e casca grossa “El Gringo”, uma onda rápida e tubular que quebra em cima de uma bancada de pedras, boa para surfistas experientes e corajosos bodyboarders.
Foi difícil deixar Arica, mas tínhamos ainda muitas ondas e oficinas pela frente no nosso amado Peru! Para nossa sorte uma parte muito especial de Arica não quis nos deixar ir “Así no más” e Renée subiu na Kombica para nos acompanhar nesta aventura até Lima! Nos próximos posts contaremos como foram os últimos 1.300 km desta primeira etapa do Rekombinando, junto a esta super companheira de viagem!
Texto: Antonia Wallig
Fotos e frames: TZ Jamur e Márcio Machado