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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

E a Viagem com a Lela Continua...



   Querida e parceira Gabriela parece que já se acostumou com o ritmo da “expedição”.  De um dia para outro mudamos de casa e ela fica faceira ao ver a nova cama, a nova cidade como ela mesma questiona: - Chegamos na nova cidade? Ver a cama é motivo de felicidade e pulos altos, quando dormimos na Kombi é diversão pura.


  Separo frutas e bolachinhas todos os dias para sair, no dia em que estávamos no surf Hostel de Porto Fino,  tínhamos cozinha, então, fomos no mercado e comprei feijão preto, arroz,  batatas e ovos prato predileto da Lela, isso rendeu dois dias de almoço gostoso e familiar. Os horários continuaram os mesmo, depois do almoço soninho, brincadeiras e pelas 21h hora de dormir. Na viagem esse horário mudou um pouco, pois se saímos para jantar ela vai junto e agora consegue dormir no restaurante enquanto jantamos.


      Nossa mascote virou motivo de felicidade do grupo e também o “termômetro” se está feliz todos estão, se está com sono ou fome igual e assim vamos. Ela aprendeu a gostar de cada um de uma forma. Os tios do carro de apoio ganharam apelidos carinhosos por ela, tio Tomate e o Tomatinho, dormiu agarrada com a kitie e chama sempre pela Tuca, que já passou poucas e boas com ela. Todos aprendem muito com a Lela inclusive eu e o pai dela que ficamos sempre atentos e dispostos a ensinar a ter liberdade com todos os limites.





      Algumas pérolas de Gabriela:

- Boa noite Gaiéia (Galera).
- Vamos Gaiéia...
- A Leila quer surfar  ... mamãe.
-                  Na arrumação do camping : - Quer ajuda Tomatinho?
      Na hora de passar parafina e montar as quilhas das pranchas : - A Leila quer ajudar.



Texto de Clarissa Del Fabbro
Fotos de Tz Jamur e Marcio Machado

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Chegando no Pacifico


     Chegamos em Pichilemu, uma praia mais ao sul de Santiago. Ao avistarmos o Pacífico depois de tanta estrada sentimos aquela emoção. Este é o nosso verdadeiro destino, para onde a nossa bússola sempre nos leva,  água salgada. Os professors* não passaram por aqui, mas escolhemos conhecer este lugar pois ouvimos muito falar da onda de Punta de Lobos, conhecida por quebrar muito grande no inverno e estar  entre as maiores ondas do Planeta.
Ao chegar no mar lemos a passagem do diário do Neco, um dos “professors” que fazia o relato da viagem.  Nesta parte ele conta como foi a primeira vez que avistaram o Pacifico


O pueblo de Pichilemu é lindo, chegamos num domingo final de tarde e a cidade estava bem movimentada, tivemos sorte e encontramos um camping para ficar à beira de uma lagoa. Montamos acampamento debaixo dos pinheiros e cedros, em meio a natureza. Uma delícia!


O Pacifico é mesmo “desbundante”, como diz o Néco no diário. Cheiro de mar intenso, algas corpulentas vão e vem no balanço das ondas agarradas às pedras, pássaros pescadores, pedras grandes e imponentes compõe as bancadas aonde quebram as ondas. Uma energia contagiante. A água é suuuper gelada e no primeiro surfe em Punta de Lobos sentimos o cansaço da viagem e do frio.  No primeiro dia o mar tinha aproximadamente 3 pés (1m), o que não é muito em tamanho, mas aqui o mar tem uma força diferente, muita água em movimento.





                           


Conhecemos a Escola de surf do Marcelo, Natural Surf, que fica bem na beira da praia e ele nos recebeu muito bem, ele estava organizando um curso para instrutores de surf de Pichilemu, junto com o Renato, professor de surf de Arica (cidade que fica bem ao norte do Chile) e nos convidaram para participar. Fizemos a parte de primeiros socorros do curso, que será muito importante para nossa viagem. Neste curso conhecemos um monte de gente legal! O povo do Chile é super amável, tranquilo e ativo ao mesmo tempo, uma galera cheia de energia.


Encontramos também o Patrick, um artista da Bélgica  que mora em Pichilemu há mais de 15 anos e junta suas referências belgas com inspirações que vem do surf e da cultura local para criar seus desenhos. E nos sentimos em casa quando chegamos no Zeus, um centro de permacultura e desenvolvimento pessoal criado por uma galera que se juntou  com o propósito de serem os “Guardiães do Mar e da Terra”. Eles nos contaram que o surfe no Chile  é algo mais recente, nasceu há pouco mais que quarenta anos. Entendemos por que os “professors” na época da viagem deles não surfaram muito no Chile, pelo frio e porque os lugares para surfar eram ainda pouco conhecidos.


Caminhando pela praia conhecemos o Omar, um coletor de algas chamadas cochayuyo, ele nos contou várias histórias de pesca e da cultura da região, a sua relação com o oceano é muito profunda. Omar nos deixou uma mensagem muito especial: “Sigan su camino con amor y respecto pues és el lugar que nos recibe.”



Neste momento sentimos que havíamos sido recebidas por Pichilemu e quase que não conseguimos ir embora. De coração pleno seguimos rumo ao norte, Viña del Mar, aonde faremos as primeiras oficinas do Rekombinando  junto ao Projeto Temahatu Surf Social.




*professors são os quatro amigos que fizeram a viagem de Porto Alegre até a Califórnia em 1976 e que inspiraram o Rekombinando , são eles Antonio Chula, Neco Corbetta, João Wallig e Paulo Tupinambá. Os chamamos assim pois suas histórias de vida nos ensinam muito.


Texto: Antonia Wallig
 Fotos: Tz Jamur



domingo, 10 de janeiro de 2016

Por la carretera. Do Pampa aos Andes





         Desde a saída do Brasil passamos pelo Uruguai e Argentina  para chegar na  “comprideza “ do Chile. Saímos dos pampas, nosso bioma de origem,  onde o verde cresce rente ao chão, o horizonte  é largo e amolece o olhar, pequenas flores coloridas alegram a monotonia e  as árvores de copas volumosas se enraízam aleatoriamente no solo, dando sombra ao longo do caminho.
Durante o cruze dos pampas curtimos muito a transição entre os países, o doce de leite, o vinho, os alfajores,  a mudança do português para o espanhol, o pôr do sol, os acampamentos   e os banhos de rio. Curtimos muito estar juntas, lembramos de muitas brincadeiras da infância e também fizemos uma roda de  propósitos para a viagem e para 2016  entre todos nós. Estas foram as nossas intenções :  Aloha, Sonho, Comunhão, Descoberta, Aprendizado, Cuidado Mútuo, Busca.
 Foi depois de 4 dias na estrada começamos a avistar as primeiras montanhas. No dia 1º de janeiro de 2016 chegamos em Mendoza, cansados e felizes por já estarmos de frente para primeiro grande desafio da viagem, a Cordilheira dos Andes. Os professor* nos sugeriram  acordar bem cedo para pegar o sol nascendo na montanhas. Lemos o diário de viagem deles e vimos que foi no dia 1º  de maio que eles estavam exatamente no  mesmo lugar que nós, se preparando para cruzar a Cordilheira. Então as 6h da manhã já estávamos com pé na estrada e o sol começava a tingir de luz os cumes mais altos.
        Conforme fomos subindo a neve foi aparecendo. Ficamos muito emocionadas com a grandeza das montanhas, com a delicadeza das flores dos Andes e com a oportunidade de estarmos juntas neste lugar mágico. “Montanhas Sagradas, cheias de sabedoria e ancestralidade, nos sentimos protegidas pela imensidão do teu silencio e inundadas pela pureza do ar. Ao pé do Aconcagua,  a maior montanha do continente americano com quase 7 mil metros de altura, respiramos, cantamos e oramos em gratidão, certas de que a vida está nos dando um presente.


       Encaramos um transito de três horas paradas na estrada, antes de chegar na fronteira com o Chile, aproveitamos para andar de skate e muitas crianças vieram conhecer e visitar a kombica. Revivemos muitas passagens do percurso dos professors  e transpusemos a grande cadeia de montanhas que  separa o Atlantico do Pacifico. Nossa próxima parada é Pichilemu, aonde a Kombika se encontrará pela primeira vez com o mar.





*professors são os quatro amigos que fizeram a viagem de Porto Alegre até a California em 1976 e que inspiraram o Rekombinando , são eles Antonio Chula, Neco Corbetta, Joao Wallig e Paulo Tupinambá. Os chamamos assim pois suas histórias de vida nos ensinam muito.

texto: Antonia Wallig
Fotos: Tz Jamur


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sobre dirigir uma kombi






Nos primeiros dias de estrada fomos nos adaptando à direção da Kombica, depois de alguns dias podemos afirmar:  A Kombi é mulher
Cheia de malemolência e jogo de cintura. Tem folga na direção, mas não perde o rumo.
Se molda as curvas e buracos da estrada como se fosse água e chama atenção pelo rebolado. Para  poder dirigi-la tem que ir na manha, ter paciência e bom humor, saber que ela tem seu tempo próprio.

Espaço não falta para guardar tralhas e histórias, sempre cabe mais uma. É louca por aventuras, mas fique ligado, que para dar a curva nela tem que ser bom de braço, ou de abraço.





texto: Antonia Wallig
Fotos: Thomaz Crocco/AntoniaWallig