quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Chegando no Pacifico


     Chegamos em Pichilemu, uma praia mais ao sul de Santiago. Ao avistarmos o Pacífico depois de tanta estrada sentimos aquela emoção. Este é o nosso verdadeiro destino, para onde a nossa bússola sempre nos leva,  água salgada. Os professors* não passaram por aqui, mas escolhemos conhecer este lugar pois ouvimos muito falar da onda de Punta de Lobos, conhecida por quebrar muito grande no inverno e estar  entre as maiores ondas do Planeta.
Ao chegar no mar lemos a passagem do diário do Neco, um dos “professors” que fazia o relato da viagem.  Nesta parte ele conta como foi a primeira vez que avistaram o Pacifico


O pueblo de Pichilemu é lindo, chegamos num domingo final de tarde e a cidade estava bem movimentada, tivemos sorte e encontramos um camping para ficar à beira de uma lagoa. Montamos acampamento debaixo dos pinheiros e cedros, em meio a natureza. Uma delícia!


O Pacifico é mesmo “desbundante”, como diz o Néco no diário. Cheiro de mar intenso, algas corpulentas vão e vem no balanço das ondas agarradas às pedras, pássaros pescadores, pedras grandes e imponentes compõe as bancadas aonde quebram as ondas. Uma energia contagiante. A água é suuuper gelada e no primeiro surfe em Punta de Lobos sentimos o cansaço da viagem e do frio.  No primeiro dia o mar tinha aproximadamente 3 pés (1m), o que não é muito em tamanho, mas aqui o mar tem uma força diferente, muita água em movimento.





                           


Conhecemos a Escola de surf do Marcelo, Natural Surf, que fica bem na beira da praia e ele nos recebeu muito bem, ele estava organizando um curso para instrutores de surf de Pichilemu, junto com o Renato, professor de surf de Arica (cidade que fica bem ao norte do Chile) e nos convidaram para participar. Fizemos a parte de primeiros socorros do curso, que será muito importante para nossa viagem. Neste curso conhecemos um monte de gente legal! O povo do Chile é super amável, tranquilo e ativo ao mesmo tempo, uma galera cheia de energia.


Encontramos também o Patrick, um artista da Bélgica  que mora em Pichilemu há mais de 15 anos e junta suas referências belgas com inspirações que vem do surf e da cultura local para criar seus desenhos. E nos sentimos em casa quando chegamos no Zeus, um centro de permacultura e desenvolvimento pessoal criado por uma galera que se juntou  com o propósito de serem os “Guardiães do Mar e da Terra”. Eles nos contaram que o surfe no Chile  é algo mais recente, nasceu há pouco mais que quarenta anos. Entendemos por que os “professors” na época da viagem deles não surfaram muito no Chile, pelo frio e porque os lugares para surfar eram ainda pouco conhecidos.


Caminhando pela praia conhecemos o Omar, um coletor de algas chamadas cochayuyo, ele nos contou várias histórias de pesca e da cultura da região, a sua relação com o oceano é muito profunda. Omar nos deixou uma mensagem muito especial: “Sigan su camino con amor y respecto pues és el lugar que nos recibe.”



Neste momento sentimos que havíamos sido recebidas por Pichilemu e quase que não conseguimos ir embora. De coração pleno seguimos rumo ao norte, Viña del Mar, aonde faremos as primeiras oficinas do Rekombinando  junto ao Projeto Temahatu Surf Social.




*professors são os quatro amigos que fizeram a viagem de Porto Alegre até a Califórnia em 1976 e que inspiraram o Rekombinando , são eles Antonio Chula, Neco Corbetta, João Wallig e Paulo Tupinambá. Os chamamos assim pois suas histórias de vida nos ensinam muito.


Texto: Antonia Wallig
 Fotos: Tz Jamur



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