domingo, 10 de janeiro de 2016

Por la carretera. Do Pampa aos Andes





         Desde a saída do Brasil passamos pelo Uruguai e Argentina  para chegar na  “comprideza “ do Chile. Saímos dos pampas, nosso bioma de origem,  onde o verde cresce rente ao chão, o horizonte  é largo e amolece o olhar, pequenas flores coloridas alegram a monotonia e  as árvores de copas volumosas se enraízam aleatoriamente no solo, dando sombra ao longo do caminho.
Durante o cruze dos pampas curtimos muito a transição entre os países, o doce de leite, o vinho, os alfajores,  a mudança do português para o espanhol, o pôr do sol, os acampamentos   e os banhos de rio. Curtimos muito estar juntas, lembramos de muitas brincadeiras da infância e também fizemos uma roda de  propósitos para a viagem e para 2016  entre todos nós. Estas foram as nossas intenções :  Aloha, Sonho, Comunhão, Descoberta, Aprendizado, Cuidado Mútuo, Busca.
 Foi depois de 4 dias na estrada começamos a avistar as primeiras montanhas. No dia 1º de janeiro de 2016 chegamos em Mendoza, cansados e felizes por já estarmos de frente para primeiro grande desafio da viagem, a Cordilheira dos Andes. Os professor* nos sugeriram  acordar bem cedo para pegar o sol nascendo na montanhas. Lemos o diário de viagem deles e vimos que foi no dia 1º  de maio que eles estavam exatamente no  mesmo lugar que nós, se preparando para cruzar a Cordilheira. Então as 6h da manhã já estávamos com pé na estrada e o sol começava a tingir de luz os cumes mais altos.
        Conforme fomos subindo a neve foi aparecendo. Ficamos muito emocionadas com a grandeza das montanhas, com a delicadeza das flores dos Andes e com a oportunidade de estarmos juntas neste lugar mágico. “Montanhas Sagradas, cheias de sabedoria e ancestralidade, nos sentimos protegidas pela imensidão do teu silencio e inundadas pela pureza do ar. Ao pé do Aconcagua,  a maior montanha do continente americano com quase 7 mil metros de altura, respiramos, cantamos e oramos em gratidão, certas de que a vida está nos dando um presente.


       Encaramos um transito de três horas paradas na estrada, antes de chegar na fronteira com o Chile, aproveitamos para andar de skate e muitas crianças vieram conhecer e visitar a kombica. Revivemos muitas passagens do percurso dos professors  e transpusemos a grande cadeia de montanhas que  separa o Atlantico do Pacifico. Nossa próxima parada é Pichilemu, aonde a Kombika se encontrará pela primeira vez com o mar.





*professors são os quatro amigos que fizeram a viagem de Porto Alegre até a California em 1976 e que inspiraram o Rekombinando , são eles Antonio Chula, Neco Corbetta, Joao Wallig e Paulo Tupinambá. Os chamamos assim pois suas histórias de vida nos ensinam muito.

texto: Antonia Wallig
Fotos: Tz Jamur


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