Chegamos na
cidadezinha de ConCon, que fica ao lado de Viña del Mar. Lá conhecemos
pessoalmente a Valentina, com que
já havíamos falado desde o Brasil pelo Couchsurfing, e combinado de fazer as
oficinas junto ao Projeto Temahatu Surf Social, coordenado por ela e por ela e
seus amigos Esteban e Jony. Com a ajuda dela alugamos uma casinha deliciosa ao
lado da casa deles, aonde também fica a sede do Temahatu, com uma vista linda
do mar. Temahatu quer dizer O
CORAÇÃO na língua Rapa Nui dos
nativos da Ilha de Páscoa. E foi com o coração aberto que eles nos receberam,
parecíamos amigos de longa data e percebemos que o propósito do Projeto
Temahatu e do Rekombinando se encaixavam em perfeita sintonia.
Cozinhamos
juntos um jantar e eles nos contaram que acabavam de ganhar um edital do
Ministério dos Esportes para realizar aulas de surfe em 2016 com crianças em condição de vulnerabilidade social de Valparaíso,
cidade portuária vizinha a Viña de Mar.
Combinamos que no dia seguinte iniciaríamos as oficinas fazendo uma
horta, uma composteira e uma espiral de ervas no quintal da sede do Temahatu e
também um grafite no muro de uma escadaria meio abandonada bem ao lado da casa.
No sábado de
manhã fomos a Valparaíso,
carinhosamente chamada de Valpo pelos chilenos, para buscar as crianças que
participam das atividades do Temahatu. A cidade que se espalha pelas
montanhas é totalmente voltada
para o mar, as ruas são estreitas e íngremes e cheias de grafite, murais e
pequenos cafés espalhados em vielas. Chegamos na casa das crianças e elas já
estavam prontas no esperando, eram 4 meninas e dois meninos, junto com a mãe e
a avó que nos acompanharam. A Cissa havia ido junto com os meninos do Temahatu conseguir
adubo e algumas mudas para a oficina e a Christie ficou preparando o muro para
o grafite.
O dia foi uma incrível:
plantamos, cantamos, brincamos e pintamos. As queridas Débora e Adela (a mãe e
a avó) cozinharam um delicioso almoço chileno para toda a galera. Muitos amigos
do Temahatu apareceram para ajudar e aquele dia se transformou em um verdadeiro
encontro de família. Pudemos sentir ver que as crianças estavam muito felizes
no contato com a terra e com a arte e ao final da tarde cada uma expressou que
havia gostado mais de algum momento em especial: de plantar, pintar, fazer música, tirar fotos ou
balançar na rede.
Na volta para Valpo, ao
levar as crianças para casa, já aproveitamos para dar uma volta pela cidade e
conhecer mais da história e da cultura deste lugar encantador. Foi incrível pegar
o ascensor que leva ao Cerro Alegre e ver um monte de músicos tocando na rua,
artesãos, murais de grafite inspiradores e poder curtir o anoitecer lá de cima,
vendo toda a cidade e consagrando uma nova amizade.
No domingo tiramos o dia para surfar e conhecer
melhor as praias ali por perto, não havia muita onda, mas conhecemos
Reñaca e Ritoque que fica na região de Quinteiros, lugar onde começou o surf
no Chile. Conhecemos também a “Ciudad Abierta”, um local que foi adquirido por
um grupo de arquitetos, poetas e artistas na década de 70 para formar uma comunidade e que hoje
serve de espaços de experimentação artística e arquitetônica para os estudantes
da Universidade de Valpo, um conceito bem inovador de aprendizagem e troca de
experiência.
Na segunda-feira
levamos as mesmas crianças para surfar na praia de La Boca, aonde existem
várias escolas de surfe. Foi muito especial, pois foi o primeiro contato destas
crianças com o surfe. Fizemos uma “saudação ao mar” e a brincadeira da “pinta
estrela” antes de entrar no mar. Criamos uma conexão muito forte e natural
entre o Rekombinando e o Temahatu e as crianças ao sentirem isto se
mostraram muito seguras e
confiantes ao entrar no mar conosco.
O mar nos cura, nos coloca frente a nossos próprios traumas e limite nos proporciona situações para superá-los de forma lúdica e divertida. Trabalhamos bastante junto com as crianças o respeito ao mar,a natureza e entre nós. Um círculo de amor se criou entre todos que estavam ali presentes e terminamos este dia com o nosso grito de união “surf é vida, surf é paixão e amor no coração”
O mar nos cura, nos coloca frente a nossos próprios traumas e limite nos proporciona situações para superá-los de forma lúdica e divertida. Trabalhamos bastante junto com as crianças o respeito ao mar,a natureza e entre nós. Um círculo de amor se criou entre todos que estavam ali presentes e terminamos este dia com o nosso grito de união “surf é vida, surf é paixão e amor no coração”
Texto de Antonia Wallig.
Fotos e frames de Tz Jamur e Marcio Machado.
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